quarta-feira, 23 de março de 2011

Fuga

Ouço passos acompanhados de gritos e sangue.
Mas não há dor...
Vejo sombras acompanhadas de decepção
E não há dor.
A única dor que existe, é a do olhar desesperado do garoto covarde, da redenção inexpressiva de um estúpido, dele, do hipócrita.
Hipócrita, covarde. As únicas coisas que eu odiaria ser
E atuo tão bem, sem disfarçar, nesses papéis.
A dor é de não conseguir expressar os sentimentos, da inutilidade de tentar tirar meus pensamentos da mente, da tentativa frustrada de expor em palavras;
A minha expressão se esvai.
E a impressão de que me falta voz, e de que não escuto mais nada, fica.
Apenas vejo,
Vejo lábios sussurrarem gritos, acompanhados de sangue.
Mas não há dor. Nunca há dor.
Porque se houvesse, já teria me livrado de todo esse sofrimento.
A  dor, leitor, é minha fuga.

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