sexta-feira, 27 de maio de 2011

Surrado


Sou do tipo que escolhe as coisas à primeira vista
É um impacto, entende?
Me marca, me surpreende, prende toda minha atenção
É perceptível, eu não sei disfarçar meu olhar
Provavelmente foi assim com a maioria das pessoas
dos meus objetos
Provavelmente foi assim com você
E foi assim com meu jeans

Não diria que sou materialista
Poucos sabem o quanto gosto de calças, o quanto elas me satisfazem
É um segredo tão íntimo, e soa estranho todo esse meu zelo
E aquele jeans não fugiu da regra
É tanto pra mim,
Combina comigo
Ao ponto de a gente se dar tão bem juntos

Eu olhava pra ele com aquela cara de jamais o largaria
Que queria sempre mais
Como se eu nunca enjoasse entende?
Mas fui abusando dele, fui esgotando
Ninguém nunca percebeu o quanto estávamos juntos, o quanto eu andava com ele
O quanto a gente se escondia
O quanto, em tantos momentos, estávamos eu -sem camisa- e ele
Sem que houvesse necessidade de estarmos ali

Mas é assim, não foi a minha vontade que me fez chegar ao fim
Foi a minha paixão
Eu não percebi o quanto sufoquei aquele jeans
Não podia mais maltratá-lo
E ele continua pendurado no meu cabide
Pedindo para que eu o vista, para que possa se juntar a mim nas minhas aventuras
Mas ele já está tão frágil
Não sei se dá, tenho tanto medo de rasgá-lo
De parti-lo

Agora estou aqui, querendo estar tão perto dele...
E ele está lá, tão surrado sem mim

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Jogos
Contador de Visitas